Vivemos em um tempo em que escolhas são feitas rapidamente, quase sempre influenciadas por aparências, pressão social e opiniões externas. O ambiente ao nosso redor tem força, as pessoas que nos acompanham moldam nossa visão, e a forma como decidimos hoje define o caminho que trilharemos amanhã.
O relato de Gênesis 13:2–18, que narra a separação entre Abraão e Ló, revela como influências, direção espiritual e discernimento podem transformar destinos inteiros. É um texto atual, profundo e revelador, perfeito para quem deseja refletir sobre vida, propósito e decisões guiadas por Deus.
Quando a prosperidade não vem com sabedoria
A Palavra começa dizendo que Abraão e Ló estavam muito ricos. Tão abençoados que a terra já não conseguia sustentá-los juntos. Porém, prosperidade sem maturidade gera conflitos. O desentendimento começou entre os pastores, não entre eles. Assim é hoje: problemas muitas vezes surgem nas bordas, em pessoas próximas, em influências inesperadas, em conversas paralelas que, se não forem discernidas, geram rupturas maiores.
A grandeza de quem confia em Deus
Abraão decide resolver o conflito com paz e humildade. Ele propõe a separação e entrega a Ló a liberdade de escolher primeiro. Apesar de ser o mais velho, o líder e o homem da promessa, ele renuncia ao direito.
Aqui vemos a grande marca de um coração maduro: Abraão não disputa, não impõe, não força. Ele sabe que a promessa de Deus não depende da posição que ocupa, mas da direção que segue. Quem confia no Senhor nunca perde ao abrir mão.
Ló: escolhas guiadas pela aparência
Ló levanta os olhos e vê o vale do Jordão: fértil, verde, promissor. Decide rapidamente, guiado pelo que brilha. Não há oração, não há consulta, não há discernimento. Apenas atração. Essa é uma das maiores lições do texto: nem tudo que parece fértil gera vida; nem toda oportunidade bonita é segura.
O vale escolhido por Ló ficava perto de Sodoma, uma cidade marcada pela corrupção e pela maldade. O texto enfatiza: ele “armou suas tendas até Sodoma”. Não entrou de imediato, apenas se aproximou. Toda queda espiritual começa assim: primeiro uma aproximação, depois convivência, depois permanência. Influências silenciosas afastam o coração de Deus sem fazer barulho.
Abraão: escolhas guiadas pelo propósito
Enquanto Ló escolhe pela aparência, Abraão aceita o que sobra sem reclamar. E é justamente nesse lugar aparentemente inferior que Deus fala com ele. O Senhor o manda levantar os olhos, não para escolher vantagem, mas para contemplar a promessa. Deus amplia sua visão e reafirma sua herança.
Aqui o contraste se torna evidente:
Ló levanta os olhos para a vantagem; Abraão levanta os olhos para ouvir Deus.
Ló arma tendas perto do pecado; Abraão ergue altares para o Senhor.
Ló busca o melhor lugar; Abraão busca a melhor direção.
No fim, quem escolhe pelo brilho fica sem luz; quem escolhe pela fé recebe clareza.

Quando aparência engana e ambiente molda
Este episódio mostra claramente que ambientes moldam destinos. A proximidade com Sodoma afetaria Ló profundamente. Sua família, valores e decisões seriam marcados pela influência daquele lugar. Hoje não é diferente. Ambientes que parecem vantajosos podem aos poucos apagar a sensibilidade espiritual, entorpecer o discernimento e abrir portas para escolhas destrutivas.
Decisões neutras não existem. Toda escolha aproxima ou afasta. Toda influência acrescenta ou corrói. Toda companhia edifica ou desvia.
Vozes que edificam e desviam
Abraão representa pessoas e influências que nos aproximam de Deus, que nos conduzem a escolhas maduras, que trazem paz, direção e fé.
Ló representa a inclinação humana de buscar o que parece melhor sem avaliar as consequências espirituais.
Ambos estavam perto de Abraão. Ambos eram abençoados. Mas só um deles tinha o coração treinado para ouvir Deus diante das decisões.
A maior diferença entre quem cresce e quem se perde está na forma de decidir — e nas vozes que escolhe ouvir.

Lições espirituais para os dias atuais
As Escrituras ecoam esse princípio em vários textos:
- Provérbios 3:5–6 nos lembra que confiar no Senhor é superior a depender das aparências.
- Provérbios 19:21 mostra que nossos planos só terão sentido se Deus for o guia.
- Mateus 6:33 ensina que buscar o Reino antes de tudo realinha nossa visão.
- Tiago 1:5 deixa claro que sabedoria não é privilégio, mas dom disponível para quem pede.
Esses versículos funcionam como um espelho: revelam que decisões apressadas, baseadas apenas em lógica humana, podem nos aproximar de Sodoma, enquanto escolhas espirituais, mesmo que pareçam simples, abrem portas para promessas extraordinárias.
Para onde suas escolhas estão apontando?
O estudo de Abraão e Ló nos chama a refletir sobre a forma como estamos vivendo.
Estamos escolhendo com base no brilho ou no propósito?
Temos levantado altares ou apenas montado tendas?
Estamos cercados de influências que nos fazem crescer ou de ambientes que silenciosamente enfraquecem nossa fé?
A campina verde nem sempre é sinal de vida. Às vezes é apenas a porta de Sodoma.
No entanto, a terra simples que sobra nas mãos dos que confiam em Deus se transforma em promessa, herança e futuro.
Que o Espírito Santo nos ensine a ver além das aparências, a discernir influências e a escolher caminhos que honrem o Senhor. Que nossas decisões nos aproximem da promessa, e não da perdição.
Wilson TEixeira - IEQ IND


